Iêdo Paes

Pois bem! Iêdo Paes é um autor que se lança na escrita a partir deste lugar. O lugar onde o corpo é personagem principal, a palavra é pele ora dilacerada, ora em aberto, ora exposta à lua ou ao sol. Não importa o espaço: nele cabem gemidos e orações. Sim, Iêdo visita estas veredas unindo o sagrado e o profano. Foi assim em seu livro de estreia Ofertório de Heresias, que a partir do título provoca este caminhar entre a crença e a carne, e também é assim neste segundo livro Pequeno Oratório da Devassa que, de cara, não por acaso, nos apresenta na epígrafe versos de Santa Teresa de Ávila, a mais erótica das místicas.
São 24 contos trançados entre pernas, bocas, orações e desejos. Aqui o prazer é a mola impulsionadora e a mística é a teia que horizontaliza os amantes. Amantes em sentido muito mais amplo do que estamos habituados a usar. Amantes no sentido dos que amam a si e ao outro a partir do espelho da pele e do prazer que os e as diferentes podem dar, do prazer que a diversidade é capaz de proporcionar, ultrapassando os limites paroquianos e as amarras do preconceito.